Tem sim senhor!
A vida a exigir uma pausa para pensarmos mais sobre a própria vida.
Poesia para todos!
"Sobre precipícios e perdições
Esses são tempos de vencer desertos
para além do outro lado,
para além de outro mundo.
Sob pena de castigados os que ouviram tua promessa
quedarem ante a visão dos salões do teu nome,
tatuados no tempo quando não eras tu,
quando apenas eras miragem.
A ínfima possibilidade da poesia que buscávamos.
Essa nau de miseráveis que tantos de nós levaram,
que tantas mulheres choraram e tantas preces bendisseram
e maldições fizeram para que não fosses tu a nos arrastar
pelas tormentas dos vastos campos do teu corpo.
E nem a noite nos impediu a morte,
esta sorte.
Ah! Esse sonho de conquista.
Nem a febre, as tempestades, os morticínios
de tocaias e suicídios.
E mesmo as premonições de fins de mundo,
em nada atrasaram nossa viagem.
As marcas obtidas nas discussões com Deus,
as moedas entregues aos barqueiros
que atravessam os mortos,
tudo seria feito novamente e tantas
até o fim dos tempos.
Porque, já não restou mais tempo
senão a última beleza cálida dos teus olhos
esculpidos nos primeiros dias
da criação; os pergaminhos da pele trazendo dialetos,
símbolos e mapas
de caminhos esquecidos; as curvas e precipícios;
os montes alvos dos seios...
Aqui jaz a travessia,
mas não finda a poesia.
É apenas um final de tarde,
uma folha se desprende na paisagem.
À sua beleza, uma singela homenagem.
Nesse crepúsculo,
eu fico a me indagar: Eu aqui e
você onde... Onde?"
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Marcelo Costa é advogado, poeta e defensor dos Direitos Humanos no Pará.
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