segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Eleições no Pará: 2014.
sexta-feira, 19 de abril de 2013
O debate na UEPA: As facetas das propostas apresentadas
No 17 de abril, no debate dos candidatos a reitoria da UEPA, as representantes da “chapa Viração”, Professora Ana Claudia Hage e Laura Vidal, revelaram a faceta mais latente na política partidária tradicional, a qual é absolutamente incompatível com a academia, qual seja a de somente atacar, com inverdades, a boa gestão que se encerra, apresentando propostas tecnicamente inviáveis.
Exemplo de quem busca se eleger a qualquer custo, são as propostas de construção de Restaurantes Universitários - RU e casa dos professores em todos os campi da universidade, implantação de mestrados e doutorados para todos os professores do interior, pagamento imediato dos benefícios dos
servidores, assistência estudantil para qualquer estudante, Plano de Cargos e Salários e Congresso Estatuinte do dia pra noite.
Em contrapartida, a Chapa “UEPA FORTE” dos professores doutores Joarez Quaresma e Rubens Cardoso, apresentaram os diversos avanços da gestão atual, como a construção do primeiro RU no Centro de Educação – CCSE, ampliação do número de mestrados, regulamentação e pagamento da progressão funcional dos servidores técnicos, ampliação do plano de saúde para todos servidores, ampliação do TIDE - Regime de Tempo Integral com Dedicação Exclusiva aos docentes, construção de diversos campi do interior, assistência estudantil e a realização de diversos concursos públicos.
Todas essas ações, entre outras, foram realizadas pela atual gestão da UEPA, de acordo com prioridades da comunidade acadêmica e com os recursos orçamentários disponíveis, o que demonstra a competência e qualificação técnica do grupo de gestores que administra hoje a UEPA.
A Chapa “UEPA FORTE”, ao contrário das candidatas da Chapa Viração que apresentaram, por meio de chavões, propostas inviáveis do ponto de vista orçamentário, manifestou o propósito de ampliar os avanços conquistados, comprometendo-se, em 04 anos, a efetivar propostas factíveis, como a aprovação do novo plano de cargos de docentes e técnicos administrativos, criação do primeiro doutorado da UEPA, ampliação da assistência estudantil e do TIDE, realização de novos concursos públicos e do congresso estatuinte.
O debate, assim, revelou quais são os candidatos mais credenciados a dirigir a UEPA com responsabilidade administrativa e respeitabilidade acadêmica. Resta saber se a comunidade universitária trilhará esse caminho ou cairá na tentação das falsas promessas.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
ELEIÇÕES NA UEPA: Façam suas apostas!
Após um tempo afastado, retorno ao Blog Belém Debates para estabelecer algumas reflexões sobre o cotidiano de Belém e o mundo, afinal debatedores não faltam.
Começo analisando as eleições na Universidade Estadual do Pará, a nossa UEPA.
Novamente eleições na UEPa, as pedras sendo mexidas nos bastidores, intensa agitação dos grupos das chapas candidatas, o que é normal no ambiente acadêmico. Certamente vale uma reflexão para todos que se interessam por uma universidade estadual que seja dirigida por gestores qualificados, na perspectiva da consolidação de uma universidade pública interiorizada e acessível aos paraenses de todas as regiões do Pará.
Algumas preocupações se colocam imediatamente, dentro de uma perspectiva de se buscar a excelência para a UEPA, a única chapa que apresenta candidato com o título de Doutor é a chapa "UEPA Forte", as demais ficaram devendo neste aspecto.
A chapa “UEPA Forte” tem como candidato o prof. Dr. Juarez Quaresma, médico, do Centro das Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS, a sua candidatura representa a continuidade da gestão da professora Marília Brasil Xavier, aliás, também a primeira reitora com título de doutor da UEPA. A reitora entrou no cargo apoiada pela governadora Ana Júlia, em tempos de crise na instituição, onde conseguiu dar um novo rumo à universidade do Estado. Mesmo na gestão tucana, teve apoio de vários secretários e deputados de diversos partidos, tendo desistido, novamente, de ser candidata, mas deixando o grupo que se propõe a continuar dirigindo a UEPA.
Na chapa “UEPA Novos Tempos”, temos o professor Moacir Palmeira, mestre, também do CCBS, que já foi candidato a reitor concorrendo com o antigo reitor Fernando Palácios, ficando em segundo lugar naquela época. O professor Moacir Palmeira parece ter ligação com o senador Jáder Barbalho.
O que chama a nossa atenção é a chapa "Viração", os desavisados poderiam intuir que se tratasse de chapa "comunista", mas não é o caso, esta chapa representa um retorno ao passado que a Uepa já viveu. A candidata é a professora Ana Cláudia Hage, pedagoga, filha do já falecido Dionísio Hage e dele herdou o estilo da política tradicional populista e clientelista como instrumento para se manter no poder. Com inexpressiva produção acadêmica, possui título de mestre e já foi antiga diretora do Centro de educação da UEPA. Também ocupou cargos na diretoria da SEDUC no Governo Tucano, período em que os indicadores da educação básica sofreram importante queda. Seu grupo fez oposição sistemática contra a gestão da professora Marília Brasil. Com uma oposição ferrenha à implantação de políticas de mérito acadêmico implantadas pela atual gestão, ressurge apoiada por Nilson Pinto e Zenaldo Coutinho, ansiosos de retornarem à UEPA que, no período de 96 a 2007, foi um bom curral eleitoral, especialmente nos campi do interior do Estado.
Resta saber se o processo de mudanças por que passa a UEPA, que hoje é mais respeitada perante a sociedade paraense e a comunidade acadêmica, que hoje conta com mais professores titulados, mais servidores efetivos e com coordenações de campus do interior eleitos por voto direto, vai optar pelo retrocesso e relegar a nossa universidade pública a um curral partidário ou vai optar por continuar no rumo do mérito acadêmico e de uma universidade consolidada e verdadeiramente plural.
Eis a nossa contribuição para o debate. Avançar ou retroceder?
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
A difícil equação eleitoral para o PT em 2014
Ao todo, foram 517.665 votos registrados para candidatos a prefeito (a) em todo o estado. Em relação ao número de votos para vereadores (as), o Partido ocupou o mesmo lugar no ranking e com 360.675 votos, foi a terceira legenda que mais elegeu parlamentares no Pará.
PSDB e PMDB: As pedras no caminho?
O PSDB além de governar livre, leve e solto, ainda goza de uma forte base aliada tanto nas prefeituras, como no parlamento estadual e tende a continuar influenciando a presidência da ALEPA através de Márcio Miranda (DEM), indicado pelo governador Simão Jatene para a futura presidência da casa, até hoje sem resultado prático de todas as investigações do Ministério Público, que lá descobriu um mar de lama, colocando a Assembleia Legislativa Paraense nas páginas dos jornais locais e nacionais, onde deputados e assessores parlamentares seguem impunes no tal Pacto pela impunidade no Pará, mote da campanha eleitoral do governo tucano, bem assimilado pelo PMDB com quem reveza o comando do legislativo estadual por décadas.
Com a imprensa local muito bem paga, a primeira metade do segundo governo de Simão Jatene segue ilesa, mesmo sendo mais medíocre – em termos de resultados – e escandalosa – em termos de denúncias - do que nos dois primeiros anos de sua primeira gestão, quando recebeu de Almir Gabriel o bastão e manteve o partido por longos 12 anos à frente do Estado.
Agora, usufruindo da falta de oposição dos demais partidos, o PSDB se dá ao luxo de eleger todos os prefeitos da Região Metropolitana, fazendo da prefeitura de Belém, a extensão do Palácio dos Despachos, com diversas denúncias abafadas pela mídia local, com inúmeros casos de nepotismo e dispensa de licitações, que servem para engordar o caixa dois do partido, tido como o maior em número de fichas-sujas do país, mas que no Pará controla o judiciário e a impren$a e por isso não é queimado todo santo dia, como são seus principais adversários.
O PMDB que no cenário nacional é aliado, no Pará tenta retomar a estratégia que impôs a derrota à reeleição de Almir Gabriel, mas que logo em seguida foi minada por erros e desacertos de ambas as partes e fez com que “a vez do PT governar o Estado” não durasse mais do que quatro anos.
Desta vez, o PMDB quer ser cabeça na aliança com o PT, lançando como candidato à governador, o ex-prefeito de Ananindeua, Helder Barbalho, que deixou o cargo após oito anos de gestão e saiu com uma das maiores rejeições da história eleitoral do município e mesmo tendo apoiado três candidatos à sua sucessão, não levou nenhum pro 2º turno das eleições do ano passado, coroando o retorno de Manoel Pioneiro (PSDB) para a prefeitura do segundo maior colégio eleitoral do Pará.
O PT Pará precisa de um Ministro pra voltar a governar o Estado.
Como todos sabem a tarefa de escolher um candidato no PT não é nada fácil. Primeiro, pelo acerto entre os cardeais sobre quais serão os nomes que estarão no processo, depois de qual será o método para convencer a militância ir pras ruas e tornar o sonho possível.
Ana Júlia que faz parte da Democracia Socialista (DS), já comunicou ao partido que não irá se lançar como candidata ao governo, mas não abre mão de ter um mandato e o mais provável é que seja como deputada federal ou até mesmo como senadora, já que fez um mandato muito elogiado no Congresso Nacional.
Por sua vez, Cláudio Puty que se elegeu deputado federal pelo mesmo grupo da ex-governadora, e com seu total apoio, agora teme que ela venha concorrer na mesma raia, o que coloca sua reeleição em xeque, caso seja isso mesmo que venha ocorrer.
Puty faz um mandato muito bem avaliado no cenário nacional, tendo inclusive se destacado de forma rápida, o que faz este blog considerá-lo como um dos melhores parlamentares do Estado do Pará em Brasília, algo confirmado por sua presença na última lista dos parlamentares mais influentes no Congresso Nacional, elaborada pelo Departamento Intersindical de Assossoria Parlamentar (DIAP) e pela última prêmiação do Congresso em Foco.
No entanto, localmente falando, Cláudio Puty não acumula forças necessárias para uma eleição sem o apoio de sua madrinha e isso deve ser um imbróglio inglório que a DS enfrenta para consolidar sua estratégia eleitoral.
Uma saída para este cenário de disputa interna seria a indicação de Puty como Ministro de Dilma, algo até natural devido à boa aceitação que o deputado tem em Brasília e faria justiça ao apoio que Lula e Dilma tiveram e tem no Estado e até hoje não contemplaram o mesmo com um cargo de destaque no governo federal. Ao mesmo tempo, Puty sendo ministro ajudaria o PT-PA, a acumular mais possibilidades de retornar ao governo do Estado.
As pedras e o tabuleiro vermelho.
Mesmo sem seus mandatos, Paulo e Ana articulam os interesses do Estado em Brasília. |
Ainda assim e mesmo tendo sido inocentado pelo STF, Paulo Rocha ainda considera que o resultado de sua renúncia ao mandato, pelo envolvimento no chamado “Mensalão” deve ser visto com cautela para que seu destino político não sofra outro revés e por isso busca apoio da cúpula do PT no Planalto e em suas bases, para retomar suas atividades parlamentares, ou disputar o governo do Estado.
E o deputado estadual Carlos Bordalo e o deputado federal Beto Faro, ambos dirigentes da Articulação Socialista que elegeu três prefeitos nas últimas eleições?
E o PT pra Valer que tem o deputado federal Zé Geraldo, os estaduais Valdir Ganzer, Airton Faleiro e Bernadete Ten Caten, que juntos tem oito prefeitos, dos vinte e três que o PT conseguiu eleger em 2012?
Pra essas perguntas e outras considerações, fica aberta a caixinha de comentários!
terça-feira, 21 de agosto de 2012
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
O que o PSOL tem haver com o Mensalão? - 1ª parte
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Lúcio Flávio Pinto: O grileiro vencerá?
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Portabilidade Bancária: BANPARÁ.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Déjà vu do "beija-flor" da Wandenkolk: Adeus ministro!
Os bares continuam morrendo numa quarta-feira
Publicado em 24.01.2012 no Diário do Pará por Elias Pinto
1 Mais de dez anos atrás, exatamente no dia cinco de dezembro de 2001, acompanhei os últimos momentos do Garrafão, um bar que deixou história na boemia belenense. Posso dizer que dei forma, impressa, a essa história ao escrever, no domingo seguinte à queda do Garrafão, uma reportagem especial, de duas páginas, publicada aqui mesmo no DIÁRIO, no primeiro caderno. Como diria o companheiro Lula, nunca antes na história desse país o fechamento de um botequim mereceu tamanho espaço, sendo registrado cada momento de suas últimas cenas boêmias, testemunhadas por quinze últimos moicanos bebuns. O derradeiro líquido precioso servido (com a protocolar dose do santo) no Garrafão aconteceu numa desolada noite de quarta-feira.
2 Naqueles dias, muitos de nós mantínhamos a esperança de que o fechamento anunciado não vingasse. A sobrevida do Garrafão arrastava-se há muito tempo. Mas, admito, confirmado o fim, torci para que ele caísse numa quarta-feira, como aconteceu. Sendo assim, eu já tinha o título da reportagem, que já planejava.
3 O título daquela reportagem, “Os bares morrem numa quarta-feira”, reproduzia o de uma crônica antológica de Paulo Mendes Campos, publicada em 1977. No texto, o escritor mineiro remonta o ciclo de apogeu e morte dos bares que marcaram época no Rio de Janeiro. A propósito, a expressão “os bares morrem numa quarta-feira” é do poeta paulista Mário de Andrade, citado por Paulo Mendes na crônica. Segundo este, “os bares nascem, parecem eternos a um determinado momento, e morrem”. Mais adiante, registra: “O obituário dessas casas fica registrado nos livros de memórias. Recordá-los, os bares mortos, é contar a história de uma cidade. Melhor, é fazer o levantamento das cidades que passaram por dentro de uma única cidade”.
4 Ao longo de sua história líquida (nada a ver com as teses, acho eu, hic, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman), a boemia paraense já chorou, ou derramou uma dose como homenagem póstuma, por bares como Maloca, Biriba, Porão, Papa Jimi, Tonga, Corujão, Primavera, 3 por 4, Nativo, Garrafão, entre tantos outros bares que, instalados na área central da cidade, deram combustível ao delírio da rapaziada nas últimas décadas. Mortos, no entanto, jamais mereceram sequer o lamento de uma vela bêbada.
5 Pois na quarta-feira passada a infausta profecia boêmia mais uma vez se cumpriu. Como diz o amigo Pedro Nelito, no tocante aos augúrios etílicos, se eu vivesse na Grécia Antiga tomaria o emprego das pitonisas do templo de Delfos.
6 Na quarta-feira passada, o Bar do Ranulfo (oficialmente, Vital Drink’s) baixou de vez as rangentes portas cujos umbrais viram passar heróis das nossas forças armadas pelo prazer do convívio em torno de mesas pródigas de bom humor, eloquência, ironia, sarcasmo e mais uma saideira. Juvêncio Arruda, um desses heróis, pediu a conta antes. Aliás, fui praticamente apresentado ao bar pelo próprio Juvêncio, sem que tivéssemos outra oportunidade para brindarmos.
7 Atingido pela interdição – pela Defesa Civil e pelos Bombeiros – do prédio do Quem São Eles, de quem é vizinho de parede, Ranulfo decidiu antecipar o fim do bar, já selado por questões familiares envolvendo a venda do terreno de que Ranulfo Vital era apenas ocupante do ponto.
8 Eu teria de escrever outra coluna para falar do boteco. Mas posso, desde já, dizer que ele era para iniciados. Servia almoço, o prato-feito, aos operários das obras que formigam em volta. Depois desses, vínhamos nós, a velha guarda.
9 Não pude ir na fatídica quarta-feira plúmbea, para prantear o ilustre passamento e beber o derrame de cerveja. Mas o Nelito, claro, esteve lá, velando, representando-nos (e tomando todas). Disse que comeu o melhor pirarucu de sua vida, feito já não pela cozinheira do boteco-restaurante (a essa altura dispensada com todas as garantias trabalhistas), mas temperado pelas lágrimas do próprio Ranulfo.
10 O inquebrantável Nelito também esteve no sábado, derrubando as grades que teimavam em sobreviver, e no domingo, já na casa do próprio Ranulfo, agora às voltas com um churrasco renascido das brasas. Foi a primeira vez que esteve na casa do Ranulfo, na Sacramenta, e viu não aquele turrão (que estampava essa impressão primeira) da Almirante Wandenkolk (onde ficava o bar), “que logo se revelava uma moça no trato com os amigos” (apud Nelito). Viu, isto sim, um são Francisco criador de passarinhos que lhe vêm pousar no ombro e lhe comer à boca, viu um búfalo marajoara (Ranulfo é do Marajó) transmutado num beija-flor com aspecto de turrão sentimental.
11 Como lembrou Paulo Mendes Campos na crônica citada, depois que se vai, perdoa-se, no bar-defunto, a bebida morna (mas a do Ranulfo era gelada), o banheiro sujo, o eventual mau humor do dono, as desavenças. A saudade tudo perdoa e só guarda os momentos amenos e a acolhida do bar um dia preferido. Os bares do presente, por seus serviços e por sua frequência, podem merecer até o nosso entusiasmo, mas não recebem jamais o nosso amor. “O bom freguês só ama o bar que se foi. Só na lembrança os bares perdem suas arestas e se sublimam.” O Bar do Ranulfo subiu aos céus da boemia. Sublimou-se.
Fórum Social de Porto Alegre
Divulgação do Fórum Social Temático
Bernard Cassen e Marco Aurélio Garcia debatem crise e alternativas
A Carta Maior promove nesta sexta-feira (27), a partir das 10 horas, no auditório da Escola Superior de Magistratura da Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (rua Celeste Gobbato, n° 229, bairro Praia de Belas), uma conferência com o jornalista e professor francês Bernard Cassen. Um dos construtores do Fórum Social Mundial desde sua primeira edição, Cassen falará sobre a crise do euro e a agenda da esquerda européia. O debate também contará com a presença de Marco Aurélio Garcia, assessor de Assuntos Internacionais do Palácio do Planalto, que falará sobre as alternativas que a América Latina oferece a esse quadro de crise. A mediação ficará a cargo do jornalista e historiador Gilberto Maringoni.
Bernard Cassen é professor emérito da Universidade de Paris 8, fundador e presidente honorário da Attac, um dos fundadores do Fórum Social Mundial e diretor geral do Le Monde Diplomatique. Atualmente é secretário geral da ONG Mémoire des luttes.
Também na sexta-feira, Cassen participará de outro debate, às 14 horas, no auditório Dante Barone, da Assembleia Legislativa, juntamente com o governador do Estado, Tarso Genro e com o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos. O tema do painel será "Diálogos Globais: o sentido da democracia".
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Os bares em Belém acabam na quarta-feira...
O bar nosso de cada dia...
Em janeiro de 2009 o nosso eterno amigo Juvêncio de Arruda alertava que o boteco do Ranulfo ia acabar, a gente escutava a estória mas não acreditava, sabe aquele papo de fim-do-mundo segundo os Maias? Pois é, era por aí o negócio.
Em 4 de abril de 2009 tivemos a despedida, um bota-fora memorável, com direito a tudo, incluindo até camisa de despedida (serigrafada pelo Reco), o boteco ficou entupido de gente lacrimosa, rolou o melhor que o nosso pé-sujo poderia produzir, tira-gosto e cerveja estupidamente gelada...
Naquele dia estávamos alegres, e como diria Maiakóvski "e por que razão haveríamos de ficar tristes? O mar da história é agitado...", realmente foi um dia de muita agitação e alegria.
O nome do boteco sempre achei estranho - Vital Drink's, depois de muito tempo fiquei sabendo que o nome do Ranulfo era "Ranulfo Vital", tá explicado, né?
A festa de despedida se eternizou...
O mais entusiasta daquela festa fez a sua despedida de verdade - Juvêncio Arruda (Juca), alguns meses após a festa o Juca faleceu deixando um vazio entre nós.
O prédio em que funciona o boteco do Ranulfo foi vendido em 2009 para uma construtora, fizemos a festa de despedida, mas o boteco não fechou, tudo porque a construtora ficou sem grana para iniciar a construção do prédio residencial, e aí?
O Ranulfo foi se fingindo de morto e foi ficando, ficando...
Ontem recebi um telefonema no final da tarde, a pessoa nem se identificou e foi logo falando com a voz embargada: - Olha mermão! O boteco vai fechar hoje, a defesa civil condenou o prédio do lado que pode desabar sobre o boteco.
Fiquei assustado e retruquei pesaroso: - É o Ranulfo?!
Ele me respondeu como o próprio ministro da educação: - Não, é o Papa!
Era mesmo o Ranulfo, aquele homem de uma delicadeza de pugilista de rua, que no primeiro momento fere a sensibilidade dos desavisados, para depois com o convívio se revelar uma moça no trato com os amigos.
Depois que ele desligou, por alguns momentos fiquei relembrando o quanto aquele pé-sujo e o seu dono fizeram parte da minha vida, o pé-sujo é uma instituição nacional, a alma brasileira pulsa a sua verdade nas mesas dos botecos, e os donos desses lugares lidam com todo tipo de gente, vai do doutor ao peão, convívio democrático, todos ali de sandália de dedo, camiseta e bermuda, soltando o palavrão livremente, nada de censura...
O título da postagem foi surrupiado do jornalista Elias Pinto.
Cabe uma sombria observação, Elias Pinto há dois anos escreveu um artigo para o jornal "Diário do Pará", o título do artigo era "Os bares em Belém acabam na quarta-feira", ele ficou só de bubuia esperando o desfecho do bar do Ranulfo, e não é que o boteco acabou na quarta-feira?!
Elias Pinto se vivesse na Grécia antiga ele desempregaria as pitonisas do templo de Delfos, fácil fácil.
O boteco acabou ontem.
Fui lá e encontrei com outras testemunhas do evento que virou história: Rui Baiano, Bruno Cabeção, Professor Gláucio e mais um anônimo, éramos poucos para muita emoção.
A cerveja sempre bem gelada.
O meu último tira-gosto era também a última porção de pirarucu, não havia mais cozinheiras, todas dispensadas com todos os direitos trabalhistas pagos, o Ranulfo foi para a cozinha e fez o melhor e mais delicioso pirarucu que já comi em toda a minha vida.
O Cabeção quis chorar, mas alguém em cima falou, parafraseando Adoniram Barbosa, "os homi tão com a razão nós arranja outro lugar", era muita emoção pra pouca gente.
É importante dizer que com o fechamento do boteco do Ranulfo (botafoguense e bicolor), muita gente vai perder o seu psicanalista, "adivinho", curandeiro, analista político, economista, engenheiro... O Ranulfo era vários num só, muito melhor que o Guido Mantega, Mãe Delamare não era páreo pra ele, as pessoas contavam os sonhos que tiveram para o Ranulfo, ele interpretava cientificamente e dizia qual o bicho no jogo de azar.
Ah! Por falar em interpretação de sonhos, uma vez ele me contou que um cara quis sacanear com ele, pediu uma cerveja e disse: - Ranulfo eu sonhei contigo, qual o bicho eu jogo?
Ele respondeu olhando firme nos olhos do cliente engraçadinho: - Viado!
O cara riu e sapecou: - Eu sabia!
O Ranulfo complementou: - Só pode ser viado, porque eu sou um cara feio pracaralho, um cabra sonhando comigo, só pode ser viado!
Depois dessa resposta o cliente ficou em silêncio, sem jeito pagou a cerveja e foi embora.
Pô Ranulfo! Vou ficar com saudades de ti, mermão.
Para encerrar, estou desarmado e sem quartel...
Deixo a pergunta feita por Neruda aos notívagos:
"É verdade que a esperança
se deve regar com orvalho?" (Pablo Neruda)